quarta-feira, 30 de janeiro de 2013



 Olha, eu sei que o barco tá furado e sei que você também sabe, mas queria

 te dizer pra não parar de remar, porque te ver remando me dá vontade de 

não querer parar também.Tá me entendendo? Eu sei que sim. Eu entro nesse 

barco, é só me pedir. Nem precisa de jeito certo, só dizer e eu vou. Faz tempo 

que quero ingressar nessa viagem, mas pra isso preciso saber se você vai 

também. Porque sozinha, não vou. Não tem como remar sozinha, eu ficaria 

girando em torno de mim mesma. Mas olha, eu só entro nesse barco se você 

prometer remar também! Eu abandono tudo, história, passado, cicatrizes. 

Mudo o visual, deixo o cabelo crescer, começo a comer direito, vou todo dia 

pra academia. Mas você tem que prometer que vai remar também, com 

vontade! Eu começo a ler sobre política, futebol, ficção científica, o que for. 

Aprendo a pescar, se precisar. Mas você tem que remar também. Eu desisto 

fácil, você sabe. E talvez essa viagem não dure mais do que alguns minutos, 

mas eu entro nesse barco, é só me pedir. Perco o medo de dirigir só pra 

atravessar o mundo pra te ver todo dia. Mas você tem que me prometer que 

vai remar junto comigo. Mesmo se esse barco estiver furado eu vou, basta me 

pedir. Mas a gente tem que afundar junto e descobrir que é possível nadar 

junto. Eu te ensino a nadar, juro! Mas você tem que me prometer que vai 

tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso, enquanto tiver 

forças! Você tem que me prometer que essa viagem não vai ser a toa, que 

vale a pena.

Que por você vale a pena.

Que por nós vale a pena.

Remar.

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